terça-feira, 27 de março de 2012

O ateísmo metodológico da filosofia hegeliana e de toda apropriação
filosófica de conteúdos essencialmente religiosos (o que não afirma nada
a respeito da autocompreensão pessoal do autor filosófico) tornou-se um
escândalo aberto apenas após a morte de Hegel, à medida em que se
instaurou o 'processo de queda do espírito absoluto' (Marx). Os hegelianos
de direita, que até hoje reagiram apenas de forma defensiva a este
escândalo, ainda precisam oferecer uma resposta convincente. Pois sob as
condições do pensamento pós-metafísico, não é suficiente abrigar-se sob
um conceito do Absoluto que não pode nem ser livrado dos conceitos da
'lógica' hegeliana, nem ser defendido sem uma reconstrução da dialética
hegeliana que seria significativa hoje e unir-se-ia a nossos discursos
filosóficos. Claramente, os jovens hegelianos não reconheceram com
igual acuidade que, juntamente com conceitos metafísicos fundamentais,
um ateísmo metafisicamente afirmado não é mais viável. Em qualquer
forma que o materialismo se apresente, dentro do horizonte de um modo
de pensamento científico falibilista, não é mais do que uma hipótese que,
na melhor das instâncias, na atualidade, pode apenas alegar
plausibilidade. (HABERMAS, 2002b, p. 68 et seq.,)

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